Olá, como estão?
Nota: hoje não há
vídeo. Ao invés, hoje vou usar este espaço para desavergonhadamente publicitar
o meu livro “Quando um burro fala, o outro baixa as orelhas” (2010, Chiado
Editora), onde falo da minha relação com a ataxia de Friedreich.
Eu hoje estou numa
de reflexão…
Às vezes, vejo as
publicações no Facebook (http://www.facebook.com)
referentes a Deus, Jesus, Nossa Senhora e mais que tais.
Uma coisa é óbvia,
me salta à vista, tal não é a evidência: são fruto de uma fé profunda e
inabalável.
E fico a desejar
ser como essas pessoas.
Sim, é bem verdade:
eu quase que invejo essas pessoas.
Não fiquem tão
surpresos: se eu digo isto, é porque também eu gostaria de ter essa fé, algo a
que me agarrar.
Quem sabe se assim
não seria tudo bem mais fácil…
Infelizmente, sou
acometida de um realismo feroz, um pragmatismo gritante, um cinismo assustador.
E não sou capaz
dessa fé, pois levantam-se sempre demasiadas questões.
É certo que podia
simplesmente fingir que era inundada por tal fé… quem saberia a verdade?
Eu saberia.
E isso, para mim,
não.
Não e não.
Fingir é que não.
Mas eu gostava
mesmo de ter fé, acreditar pia e profundamente em algo, ou alguém, maior.
Quer-se dizer…
Acreditar, até acho que acredito.
Só não sei bem em quê.
Ou quem.
E acho que é por
isso que, na minha condição de atáxica, que não consigo ter muita, vamos lá,
esperança.
Numa cura, bem
entendido.
Pelo menos não a
curto prazo.
Até porque, no meu
caso particular, eu recuso-me a viver uma vida suspensa numa suposta
possibilidade.
Verdade seja dita,
não poucas vezes chego a sentir-me culpada por este meu cepticismo.
Quando olho à minha
volta e vejo outros, na mesma situação que eu, com tamanha fé, não vou mentir:
sinto-me mal.
E quem sabe?
Eles é que podem
estar certos.
E eu é que posso
estar errada.
Já tive
oportunidade de o dizer: eu sei que há gente, à volta do mundo, a trabalhar
para descobrir uma cura e/ou tratamento para esta doença.
E acredito que um
dia, mais cedo ou mais tarde, isso vai, inevitavelmente, acontecer – já lá diz
o povo, água mole em pedra dura…
Mas cá para mim, na
parte que me toca, também acredito que vai ser mais tarde…
Mas isto sou só eu.
E com isto, me
despeço.
Sem comentários:
Enviar um comentário