terça-feira, 30 de dezembro de 2014

30-12-2014





Olá, como estão?


Afinal, o tal avião malaio não desapareceu simplesmente.
Parece que, aos poucos, já estão a retirar os corpos do fundo do mar – acho que já recuperaram cerca de 40.


Também acontece com vocês aparecerem com nódoas negras que não sabem explicar?
Comigo, é o pão nosso de cada dia.
Volta na volta, oiço a minha mãe a perguntar-me: “Tens aqui uma nódoa negra tão grande… Onde é que fizeste isto?”
E a minha resposta é sempre a mesma: “Não faço a mínima ideia.”


A minha pele é muito clara, muito pálida.
E basta eu encostar-me ao que quer que seja com mais alguma força, que pronto, já está.
Nódoa negra.


E muitas nem as sinto, não me doem.


Lembro-me daqui há uns anos, ainda antes de eu estar na cadeira de rodas.
Como eu já tinha desequilíbrios, ia muitas vezes de encontro às coisas.
E ficava com nódoas negras, especialmente nos braços.
No Inverno, com as mangas compridas, a coisa ainda disfarçava.
Agora, no Verão…
Quem me conhecia, sabia o que se passava e qual era o meu problema.
O pior eram os outros, quem não me conhecia.
Mais que uma vez apanhei-os a olhar para mim um olhar… no mínimo, estranho: lamento, impressão, incómodo, desprezo, sei lá mais o quê.
E eu não percebia a razão daqueles olhares.
Até que, de repente, se fez luz.
Eu sabia porque é que as pessoas olhavam para mim assim.
Na mente delas, eu devia levar uma vida desgraçada, a apanhar surras valentes. E as nódoas negras nos meus braços seriam a prova disso mesmo.
Isto só prova que as aparências podem iludir.
E bem.


E é com esta nota, que me despeço.
Até uma próxima oportunidade.






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