quarta-feira, 28 de março de 2018

Aniversários, natais e afins (28/03/2018)


(NOTA: O texto que se segue não pretende ser um qualquer exercício ou manifestação de autocomiseração: muito antes pelo contrário. Este texto pretende ser, tão somente, um desabafo. Nada mais, nada menos – apenas um desabafo. Sem pieguices. Nem lamechices. Se, por qualquer outra razão, este texto parecer o tal exercício ou manifestação, posso assegurar-vos que não era essa a intenção. De todo.)


Olá, como estão?


No passado Domingo, 25 de Março, fiz anos – 48.

Portanto, antes de mais nada, quero desde já agradecer, novamente, a todos os que se lembraram de mim no meu dia especial. Uma vez mais, o meu muito obrigado.

Agora…48…
Já falta pouco para o 5-0…
Esta conversa pode parecer estranha, mas a verdade é esta: tenho ataxia de Friedreich e nunca conheci ou ouvi falar de alguém, com a mesma doença que eu, que tenha ultrapassado essa marca, a marca dos 50. Pelo menos, ninguém que tenha experimentado os 1.ºs sintomas da doença na infância e/ou adolescência (muito embora só ter sido correctamente diagnosticada aos 28 anos, a médica neurologista responsável pelo meu diagnóstico aponta para a manifestação dos primeiros sintomas da doença durante a minha adolescência).
E como eu não sei o que vai acontecer e já que estamos a falar de anos e aniversários, vou agora partilhar convosco algumas daquelas coisas com que eu mais sonho, mas que não sei se algum dia irei ver acontecer:
- Organizarem-me uma festa de anos surpresa.
Sempre achei que esta era a derradeira manifestação de carinho e apreço: um grupo de pessoas reunirem-se à nossa volta, por nós e para nós. Infelizmente, duvido que tal algum dia vá acontecer, pois não sou daquelas pessoas marcantes, populares e alma da festa, cuja presença é desejada e requerida: sou, verdade seja dita, até bastante olvidável. E não digo isto por pena de mim – digo isto porque é verdade. E quem me conhece sabe que é assim.
- Levarem-me a assistir a uma ópera
Gosto muito de ópera - não tanto pela história (o chamado libreto), mas sim pela música. Aliás, não é raro as histórias serem completamente… ridículas, verdadeiramente de… faca e alguidar, como se costuma dizer. Veja-se o caso de “Il trovatore”, de Verdi: a história é um autêntico dramalhão. No entanto, da mesma ópera faz parte uma das árias mais célebres: o “Coro dos Ferreiros”.
Mais exemplos:
Marcha triunfal, de “Aida” de Verdi
Habanera, de “Carmen” de Bizet
Cavalgada das Valquírias, de “A Valquíria” (ópera que integra a obra “O Anel dos Nibelungos”) de Wagner
Abertura, de “Guilherme Tell” de Rossini
Mas há mais, muito mais. A música clássica, ópera ou não, é pródiga em exemplos de músicas conhecidas que não sabemos de onde vêm, como podem ver em:
Infelizmente, acho que sou a única, do meu círculo de amigos e conhecidos, que gosta de ópera.

Sei que há quem defenda que as melhores prendas são que ficam para sempre, mas não. Ou melhor, este tipo de prendas também ficam para sempre, mas no lugar onde mais importa: connosco, dentro de nós.

Claro que, se falar em desejos de ano novo, o MEU ano novo, é claro que posso enumerar alguns. Logo à cabeça, desejo (é claro!) que descubram a cura para a malfadada ataxia de Friedreich. Também desejo que, assim de repente, os meus livros desatem a vender como papo-secos (ou pãezinhos quentes, digam como quiserem. Mas percebem a ideia: venderem muito). Ou que adiram em força à minha página https://www.facebook.com/autora.fatimadoliveira/. Quanto aos meus blogues (http://recatratos.blogspot.pt e http://aprocuradeumahistoria.blogspot.pt), apenas posso tentar ser mais assídua, mais presente e menos esporádica. Porque a verdadeira responsável por praticamente não ter seguidores não pode ser mais ninguém senão eu: se eu só escrevo quando o rei faz anos… Não só tenho que ultrapassar a preguiça, como tenho mesmo que aprender a viver com esta lesão no ombro direito que me tira do sério e me incapacita ainda mais. Também tenho que aprender a pôr as ideias no lugar e a estabelecer prioridades.


Aproveito a oportunidade para desejar a todos uma doce e feliz Páscoa.


Até uma próxima oportunidade, fiquem bem!