(NOTA: O texto que se segue
não pretende ser um qualquer exercício ou manifestação de autocomiseração:
muito antes pelo contrário. Este texto pretende ser, tão somente, um desabafo.
Nada mais, nada menos – apenas um desabafo. Sem pieguices. Nem lamechices. Se,
por qualquer outra razão, este texto parecer o tal exercício ou manifestação,
posso assegurar-vos que não era essa a intenção. De todo.)
Olá, como estão?
No passado Domingo, 25 de
Março, fiz anos – 48.
Portanto, antes de mais nada,
quero desde já agradecer, novamente, a todos os que se lembraram de mim no meu
dia especial. Uma vez mais, o meu muito obrigado.
Agora…48…
Já falta pouco para o 5-0…
Esta conversa pode parecer estranha,
mas a verdade é esta: tenho ataxia de Friedreich e nunca conheci ou ouvi falar
de alguém, com a mesma doença que eu, que tenha ultrapassado essa marca, a
marca dos 50. Pelo menos, ninguém que tenha experimentado os 1.ºs sintomas da
doença na infância e/ou adolescência (muito embora só ter sido correctamente
diagnosticada aos 28 anos, a médica neurologista responsável pelo meu
diagnóstico aponta para a manifestação dos primeiros sintomas da doença durante
a minha adolescência).
E como eu não sei o que vai
acontecer e já que estamos a falar de anos e aniversários, vou agora partilhar
convosco algumas daquelas coisas com que eu mais sonho, mas que não sei se
algum dia irei ver acontecer:
- Organizarem-me uma festa
de anos surpresa.
Sempre achei que esta era a
derradeira manifestação de carinho e apreço: um grupo de pessoas reunirem-se à
nossa volta, por nós e para nós. Infelizmente, duvido que tal algum dia vá
acontecer, pois não sou daquelas pessoas marcantes, populares e alma da festa,
cuja presença é desejada e requerida: sou, verdade seja dita, até bastante
olvidável. E não digo isto por pena de mim – digo isto porque é verdade. E quem
me conhece sabe que é assim.
- Levarem-me a assistir a
uma ópera
Gosto muito de ópera - não
tanto pela história (o chamado libreto), mas sim pela música. Aliás, não é raro
as histórias serem completamente… ridículas, verdadeiramente de… faca e
alguidar, como se costuma dizer. Veja-se o caso de “Il trovatore”, de Verdi: a
história é um autêntico dramalhão. No entanto, da mesma ópera faz parte uma das
árias mais célebres: o “Coro dos Ferreiros”.
Mais exemplos:
Marcha triunfal, de “Aida”
de Verdi
Habanera, de “Carmen” de
Bizet
Cavalgada das Valquírias, de
“A Valquíria” (ópera que integra a obra “O Anel dos Nibelungos”) de Wagner
Abertura, de “Guilherme
Tell” de Rossini
Mas há mais, muito mais. A
música clássica, ópera ou não, é pródiga em exemplos de músicas conhecidas que
não sabemos de onde vêm, como podem ver em:
Infelizmente, acho que sou a
única, do meu círculo de amigos e conhecidos, que gosta de ópera.
Sei que há quem defenda que
as melhores prendas são que ficam para sempre, mas não. Ou melhor, este tipo de
prendas também ficam para sempre, mas no lugar onde mais importa: connosco,
dentro de nós.
Claro que, se falar em
desejos de ano novo, o MEU ano novo, é claro que posso enumerar alguns. Logo à
cabeça, desejo (é claro!) que descubram a cura para a malfadada ataxia de
Friedreich. Também desejo que, assim de repente, os meus livros desatem a
vender como papo-secos (ou pãezinhos quentes, digam como quiserem. Mas percebem
a ideia: venderem muito). Ou que adiram em força à minha página https://www.facebook.com/autora.fatimadoliveira/. Quanto
aos meus blogues (http://recatratos.blogspot.pt e http://aprocuradeumahistoria.blogspot.pt),
apenas posso tentar ser mais assídua, mais presente e menos esporádica. Porque
a verdadeira responsável por praticamente não ter seguidores não pode ser mais
ninguém senão eu: se eu só escrevo quando o rei faz anos… Não só tenho que
ultrapassar a preguiça, como tenho mesmo que aprender a viver com esta lesão no
ombro direito que me tira do sério e me incapacita ainda mais. Também tenho que
aprender a pôr as ideias no lugar e a estabelecer prioridades.
Aproveito a oportunidade
para desejar a todos uma doce e feliz Páscoa.
Até uma próxima
oportunidade, fiquem bem!
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