quinta-feira, 9 de outubro de 2014

09-10-2014




Olá, como estão?

Ontem, fui levar a vacina para a gripe.
Aliás, levo-a anualmente. Tem que ser…
Com este sistema imunitário de passarinho…
Todos os anos, em Outubro, a história se repete: vacina injectável para a gripe e vacina oral (comprimidos) para as constipações.
Todos os anos levo as vacinas, mas todos os anos sou apanhada.
Por constipações, não gripes – eu dantes também chamava gripe às constipações, mas desde que, há coisa de quinze anos, tive gripe mesmo gripe, acreditem-me, nunca mais troquei os nomes. Gripe é gripe, constipação é constipação.
Então no ano passado fui apanhada tanta e tanta vez…

Estamos a entrar no tempo frio.
E apesar de eu gostar do frio, dou-me tão mal com ele…
É que o frio mexe muito com os meus músculos: ficam tensos, rígidos. A coisa é de tal maneira, que chego a ter dores loucas, a ponto de me fazerem chorar.
E isso é muito raro: eu chorar com dores. Posso chorar por muita coisa (tristeza, raiva, frustração…), mas contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que chorei de dor – física, claro.
Mas sabem com o que me dou mesmo mal?
Com a humidade.

Ontem estava a ler uma notícia qualquer sobre doenças raras e medicamentos órfãos e pus-me a pensar…
Como alguém com uma doença rara (para os mais distraídos, relembro que tenho ataxia de Friedreich), nunca se sentiram tipo párias, aberrações?
Eu já.
E nem é pela doença em si.
Mas sim como somos tratados pela indústria farmacêutica.
Eu passo a explicar:
Como a doença que tenho é rara, a mesma é “olhada de lado” pela indústria farmacêutica, pois mesma não representa grandes lucros. Daí, a designação de “medicamentos órfãos”. É triste, mas é verdade. Não basta termos que viver com uma doença rara…
Não somos considerados uma prioridade, mas somos uma realidade. E não é por nos “varrer para debaixo do tapete”, que vamos desaparecer.
Dá-me a ideia de que se não fossem os fundos destinados, especificamente, à investigação das doenças raras e medicamentos órfãos, não saíamos da cepa torta.
O que também nos vai valendo são as investigações financiadas pelas associações de doentes, à volta do mundo.
Mas uma coisa é a investigação… Outra, completamente diferente, é o interesse duma companhia farmacêutica… Além de se financiar a investigação, muitas e muitas vezes também tem que se financiar a própria linha de produção… E isso demora muito tempo, pois até um medicamento aparecer nas prateleiras da farmácia, tem que haver muitos testes e experiências, para avaliar a sua eficácia e segurança.
Por tudo isto, não acredito numa cura para a doença que tenho.
Pelo menos, para já.
Acredito, sim, numa cura, mas no futuro.
Não para a minha geração.

Mas vamos mudar de conversa.
O que agora está na ordem do dia é a tal auxiliar de enfermagem que contraiu Ébola, em Madrid, mesmo aqui ao lado, na vizinha Espanha.
Eu não vou agora aqui falar da irresponsabilidade da mulherzinha – irresponsabilidade e desrespeito.
O que toda esta situação me lembra é um filme: “Outbreak”, de 1995. Creio que o título, em português, é “Fora de controlo”.
Não me lembro do realizador, mas lembro-me do elenco: Dustin Hoffman, Renee Russo, Kevin Spacey, Morgan Freeman, Donald Sutherland, Cuba Gooding Jr...
O filme também falava de um vírus, extremamente mortal, que por acidente, é levado de África para os EUA.
Mas nos EUA o vírus sofre uma mutação.
Percebem o que eu quero dizer?...
Porque, para mim, esse é maior perigo: que o vírus sofra uma mutação.

E com isto, me despeço.




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