quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

11-02-2015




Olá, como estão?


Há já algum tempo que não passava por aqui…


Não que sirva de desculpa, mas o frio não me tem dado tréguas:
E como atáxica, pior é.
Pelo menos, comigo.
Fico com os músculos totalmente contraídos, tesos que nem um carapau.
Firmes e hirtos como uma barra de ferro (lembram-se?... Como era mesmo o nome da personagem?... Prof. Alexandrino, ou coisa que o valha…).
Então, no Domingo a coisa esteve de tal maneira, que os meus dedos nem conseguiam segurar a colher, ao almoço…


Mas as coisas são como são.
E o que não tem remédio, remediado está.


Agora…
Já alguma vez se sentiram pequeninos, muito pequeninos, microscópicos até, praticamente invisíveis?
Eu já.
Muita e muita vez.
Ultimamente, então, tem sido por demais.
É praticamente todos os dias.

E depois, parece mesmo de propósito, quando nós nos sentimos assim, na mó de baixo, é que somos assaltados e invadidos pelas nossas memórias mais tristes, qual intruso indesejado.
Por mais pequenas e ínfimas que sejam.
Podem até ter passado quase desapercebidas na altura, mas não interessa.
Quando estamos na lama, tudo volta, com uma clareza surpreendente.
Tudo é reavivado.
E amplificado.
“Eu, verdade seja dita, não me lembro de me ter sentido tão mal na altura, mas agora…”
Com vocês, isto não acontece?
Comigo, sim.

Lembro-me de três situações, muito específicas.
Numa, eu já tinha desequilíbrios, mas ainda andava sem ajuda.
Era uma manhã cedo, em Santarém. Não me lembro do dia de semana, mas lembro-me que o tempo estava nublado, a prometer chuva, e da roupa que vestia: saia de fazenda pregueada azul escura, blusa branca, casaco de malha azul escuro e gravata em tons de azul.
Ia para o trabalho, mas como ainda era cedo, fui ver as montras, para fazer tempo.
No centro da cidade, ao pé da montra do “Ponto Negro” (nem sei se esta loja aina existe…), tenho um daqueles meus desequilíbrios: abano, mas não caio.
Imediatamente, ouço uns risinhos de troça atrás de mim. Dois rapazinhos que passavam. “Aquela já vai bêbada, a esta hora da manhã”.
Eu fiz o que podia fazer: ignorar (?) e seguir em frente(!).

Também me lembro de quando fui ver a peça de teatro “Macbeth”, de Shakespeare, ao Cartaxo.
Eu já andava em cadeira de rodas, mas queria mesmo muito ver esta peça, pois gosto muito de Shakespeare e “Macbeth” é, como um todo, a minha peça de teatro preferida.
(A título de curiosidade, acrescento que a minha personagem masculina preferida, de Shakespeare, é Shylock, de “O mercador de Veneza” e a personagem feminina è Hélène, de “Bem está o que bem acaba”.)
Como o Centro Cultural do Cartaxo, onde a peça estava em cena, tinha as condições de acessibilidade necessárias, pensei que podia ir.
Depois de arranjar quem fosse comigo, lá fui ver a peça de teatro.
E… adorei.
Mas já a pessoa que me acompanhou… detestou.
Até aí, tudo bem: a pessoa tinha todo o direito de não gostar da peça.
Mas daí a gozar abertamente, praticamente a rebaixar…
Não vou mentir, aquilo doeu. Muito.
Sei que a intenção da pessoa não seria essa, mas a verdade é que me senti praticamente sem o mínimo direito de gostar, pensar ou sentir.
Espezinhada, fui assim que me senti.

Ou então daquela vez, em criança.
Era recreio, na escola, e estava a brincar com uns colegas.
Alguém propõe jogarmos “às escondidas” (ou seria “à apanhada”?...), quando um dos meus colegas vira-se para mim e diz: “A Fátinha não joga”.
Vocês não imaginam como aquilo doeu...
Como uma ferroada insuportável.

É…
Por muito que eu tente evitar, é sempre nestas alturas que estas memórias voltam.
Com uma força assustadora.
  
E então, ergo muros e uso uma máscara.
Para me proteger.
Mas esta máscara… muitas e muitas vezes tem um efeito totalmente antagónico ao que é suposto ter: em vez de libertar, aprisiona.
Com grilhetas de aço.


Uma última palavra para falar da actualidade internacional, nomeadamente da Grécia.
Eu sou total e completamente ignorante no que toca a economia, mas quer-me cá parecer que as pretensões da Grécia são, no mínimo, lógicas.
Pagar o que devem, sim, mas conforme podem.
Ou seja, querem o mesmo tipo de acordo que foi feito com a Alemanha, depois da 2ª Guerra Mundial.
E os alemães, logo eles, estão contra?!
Tenham vergonha!!!

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