Olá, como estão?
Ontem dei por mim a pensar
no monólogo de Shylock (“O mercador de Veneza (The Merchant of Venice)”,
William Shakespeare), especialmente aquela parte “And if you wrong us, shall we
not revenge? (E se nos fazem mal, não nos devemos vingar?)“
Não sei porquê.
Eu até conheço a peça de
teatro “O mercador de Veneza”: já li o livro e posso dizer que esta nem é a
minha preferida das peças de Shakespeare – das que conheço, bem entendido.
Na minha modesta opinião, o
melhor dessa peça é mesmo a personagem Shylock – essa é mesmo a minha
personagem masculina preferida criada por Shakespeare (do que conheço, volto a
frisar. É só disso que posso falar).
Já em relação à personagem
feminina, a minha preferida é Helena, de “Bem está o que bem acaba (All’s well
that ends well)”.
E a minha peça preferida,
como um todo, é “Macbeth”.
E hoje é o tal concerto de
solidariedade para com os refugiados, o “Lisboacolhe”.
Por um lado, acho bem, mas
por outro…
E o resto?... Está tudo bem?...
Eu compreendo que os
refugiados, os verdadeiros refugiados, não fogem porque querem: fogem porque
tem de fugir: estão a fugir pela vida. E convenhamos que não deve ser fácil
tomar a decisão de fugir e abandonar toda uma vida construída até então.
Falo em verdadeiros
refugiados porque a muito triste verdade é esta: também aqui há
aproveitamentos: pessoas que fingem ser o que não são.
Mas ao mesmo tempo, não
posso deixar de ficar revoltada.
Quer dizer, eu, para
conseguir o que quer que seja, tenho de mover o céu e a terra, mas vejo essa
gente chegar cá e ter tudo de mão beijada.
E não, não se trata de
xenofobia ou racismo.
É mais frustração.
E nem é com os refugiados.
É antes com o governo
português.
Lembro-me de um provérbio, penso que chinês, que uma vez um médico me ensinou. Era qualquer coisa assim: não se deve
dar o peixe, mas uma cana de pesca e ensinar a pescar.
E por hoje é tudo.
Até uma próxima
oportunidade.
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