terça-feira, 21 de outubro de 2014

21-10-2014




Olá, como estão?


Nota: hoje não há vídeo. Ao invés, hoje vou usar este espaço para desavergonhadamente publicitar o meu livro “Quando um burro fala, o outro baixa as orelhas” (2010, Chiado Editora), onde falo da minha relação com a ataxia de Friedreich.


Eu hoje estou numa de reflexão…

Às vezes, vejo as publicações no Facebook (http://www.facebook.com) referentes a Deus, Jesus, Nossa Senhora e mais que tais.
Uma coisa é óbvia, me salta à vista, tal não é a evidência: são fruto de uma fé profunda e inabalável.
E fico a desejar ser como essas pessoas.
Sim, é bem verdade: eu quase que invejo essas pessoas.
Não fiquem tão surpresos: se eu digo isto, é porque também eu gostaria de ter essa fé, algo a que me agarrar.
Quem sabe se assim não seria tudo bem mais fácil…
Infelizmente, sou acometida de um realismo feroz, um pragmatismo gritante, um cinismo assustador.
E não sou capaz dessa fé, pois levantam-se sempre demasiadas questões.
É certo que podia simplesmente fingir que era inundada por tal fé… quem saberia a verdade?
Eu saberia.
E isso, para mim, não.
Não e não.
Fingir é que não.

Mas eu gostava mesmo de ter fé, acreditar pia e profundamente em algo, ou alguém, maior.

Quer-se dizer…
Acreditar, até acho que acredito.
Só não sei bem em quê.
Ou quem.

E acho que é por isso que, na minha condição de atáxica, que não consigo ter muita, vamos lá, esperança.
Numa cura, bem entendido.
Pelo menos não a curto prazo.

Até porque, no meu caso particular, eu recuso-me a viver uma vida suspensa numa suposta possibilidade.

Verdade seja dita, não poucas vezes chego a sentir-me culpada por este meu cepticismo.
Quando olho à minha volta e vejo outros, na mesma situação que eu, com tamanha fé, não vou mentir: sinto-me mal.
E quem sabe?
Eles é que podem estar certos.
E eu é que posso estar errada.

Já tive oportunidade de o dizer: eu sei que há gente, à volta do mundo, a trabalhar para descobrir uma cura e/ou tratamento para esta doença.
E acredito que um dia, mais cedo ou mais tarde, isso vai, inevitavelmente, acontecer – já lá diz o povo, água mole em pedra dura…
Mas cá para mim, na parte que me toca, também acredito que vai ser mais tarde…
Mas isto sou só eu.

E com isto, me despeço.





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