domingo, 28 de junho de 2015

O antes & o agora (28/06/2015)



Olá, como estão?


Não sei se repararam naquela notícia do semanário “Expresso”, acerca daquele questionário, espécie de “Quem quer ser diplomata” (http://expresso.sapo.pt/sociedade/2015-06-27-Acha-que-conseguia-chegar-a-diplomata--Faca-aqui-o-teste).
Quando eu li que só 22% dos alunos testados tinham obtido nota positiva, pensei que o teste devia ser mesmo muito difícil.
E quando vi que também podíamos fazer o mesmo teste, fique curiosa. Como eu adoro pôr-me à prova, confesso que fiquei mesmo muito curiosa: sempre queria ver o que saía dali…
Pois bem, acertei em 72% das respostas.
Nada mau, se me é permitida a imodéstia.
Quando respondi às questões, tive 4 tipo de respostas: as que sabia mesmo, as que tinha uma ideia mas não a certeza, as por exclusão de partes e aquelas que foram um completo tiro no escuro.
Sei que pode parecer que me estou a gabar, mas podem acreditar quando vos digo: não é esse o caso.
Eu realmente gosto de me testar, de pôr à prova.
Intelectualmente, bem entendido.
Lembro-me dum psiquiatra que consultei, quanto tive uma depressão: ele disse-me que a razão de eu trabalhar tanto o meu, vamos lá, lado intelectual, é que eu estava desesperadamente a tentar compensar a minha incapacidade física.
Percebem o que eu estou a dizer?...
Mas a verdade é que eu sempre fui assim.


Hoje apercebi-me duma coisa.
Quer dizer, eu não me apercebi, propriamente dizendo.
Porque, verdade seja dita, eu já sabia.
Acho mesmo que sempre soube.
Então, é assim: eu sou mesmo muito complicada. Complexa. Difícil.
Nunca fui de trato fácil e o facto de ser atáxica só acentuou ainda mais essa minha característica, pois ao mesmo tempo que a minha armadura exterior engrossou e endureceu, bem cá no fundo a minha sensibilidade agudizou e grita. Sempre. Bem alto e de forma ensurdecedora.
Sei que, por fora, pareço dura de roer.
Mas não é sempre assim.
Lembro-me de uma vez uma amiga minha me ter dito que eu, na verdade, tinha um coração de manteiga.
Ao que eu acrescentei: “Derretida”.

Sou cheia de contradições.
Por um lado não gosto de puxar galões e reclamar a autoria de algo, mas, pelo outro, gosto de ver quando o meu trabalho é reconhecido.
Por um lado sou muito reservada (há quem confunda essa reserva com antipatia), mas, pelo outro, gosto de ser acarinhada e me sentir integrada.
Acho que é por isso que um dos meus maiores sonhos é ter uma festa de aniversário-surpresa – que alguém tenha o trabalho de me organizar uma.
Por causa do que isso representa.
Compreendem o que eu quero dizer?...

Sabem, vou-vos contar um segredo: já fui vítima de bullying.
Quer dizer, à luz da realidade actual chama-se bullying, mas a altura chamava-se gozar.
Aliás, pelo que eu sei, o termo bullying deriva de bully, a palavra inglesa para “gozão”. Pelo menos, é esta a minha leitura.
Foi no 11.º ano – ano lectivo de 1986/87.
O meu annus horribilis.[1]
Ou seja, todas as partes envolvidas já tinham muito boa idade para saber o que andavam a fazer.
Quanto ao bullying em si, não foi físico.
Foi mais refinado, mais subtil.
Sei que me roubaram de toda a confiança e ainda hoje não sei se as manifestações físicas que então me assolaram eram apenas consequências psicológicas do que estava a acontecer, ou se já eram os primeiros sintomas da ataxia a revelarem-se.
Acho mesmo que nunca vou saber.
Mas quero acreditar que não – que uma coisa não teve nada a ver com a outra.


E como tristezas não pagam dívidas, fico por aqui.
Até uma próxima oportunidade.

  




[1] Annus horribilis – ano horrível, em latim.

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